tag:blogger.com,1999:blog-50818449507591692462024-02-08T06:50:43.538-08:00"Todo coração é uma célula revolucionária..."Amor, solidão,prosa, poesia e revolução!Soldadohttp://www.blogger.com/profile/08854660883732940426noreply@blogger.comBlogger19125tag:blogger.com,1999:blog-5081844950759169246.post-48928165916392696132010-08-17T16:25:00.000-07:002010-08-17T18:17:07.193-07:00o sol da beleza que cala...Apesar da tristeza que tem permeado meus dias, eu continuo a achar tudo muito bonito. Hoje mesmo, descendo a rua, me deparei com o mais belo por-do-sol que sou capaz de recordar. Os raios solares fumegantes se fundiam com a poluição da cidade que fica suspensa no inverno. Esse quadro, inumeras vezes já pintando, se completava com os galhos das árvores do cerrado, que ali do meu ângulo de visão constituiam pontos de fissura entre o dia que se encerrava e o crepúsculo que se anunciava.<br />E eu quase me emocionei. Acho que não chorei porque o clima árido do deserto goianiense levou embora também as minhas lágrimas.<br />Disseram-me hoje "você é demasiadamente sensível". É, eu realmente ainda conservo essa coisa de me emocionar, de sentir. Por isso eu ainda vejo a beleza no mundo, sobretudo na tristeza. A tristeza é bela, tal qual o sangue escorrendo, a barbárie, a separação, a morte. Não é a beleza que vejo nas páginas de Kundera ou no piano de Tiersen, é uma outra beleza que você só consegue enxergar quando está triste.<br />Mais é dessa beleza que me esquivo, o tempo todo. E porque deveria, se agora quando escrevo percebo que é ela que me faz sentir mais humano.<br />Sentir, sentir, sentir. Fingir, sorrir. E nesses dias eu prefiro ficar só. Evitar o choque com o mundo do outro, porque esse que já carrego me parece pesado demais. E nem ter que fingir e sorrir. Já me parece demais...Soldadohttp://www.blogger.com/profile/08854660883732940426noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5081844950759169246.post-80503021197806826772010-07-11T06:11:00.000-07:002010-07-11T06:12:39.380-07:00pausas.Sabe aquele gostar? Aquele que você só quer estar perto. Aquele gostar que te faz suar frio antes do encontro. Aquele que vem junto com suspiros e sorrisos aleatórios. Que te deixa ansioso e até te tira o sono às vezes. E que te provoca os mais (in) sensatos desejos.<br />Esse mesmo, que acontece em raríssimas oportunidades na vida. E que quando vem, vem com a força arrebatadora de uma tempestade de verão.<br />Aquele gostar que não exige a posse, que pede apenas a companhia. E que vai procurando seu espaço entre as entranhas de um coração retalhado.<br />Aquele gostar que te faz sentir medo de perder, antes mesmo de conquistar. E que te instiga a fazer planos, mesmo tendo plena consciência de quão inverossímil é isso.<br />Aquele gostar que vem junto com a lembrança de uma música, de um perfume, de uma noite de corpos nus, tão qual um romance juvenil.<br /><br />E você sabe do que eu estou lhe falando? Claro que sabe, porque tenho certeza que já se sentiu assim. O passar dos anos, as cicatrizes, as feridas abertas, nos deixa mais receosos, mais zelosos dos nossos sentimentos. Nos deixa na verdade mais amedrontados. Mais não é capaz de nos tirar esse fio de vida, essa sensação gostosa de se apaixonar. O ruim é quando não se sabe direito o que fazer com isso. As palavras que não saem, o convite que não chega, a noite que é curta demais e a semana é tão longa. O tempo não nos ensina a lidar com isso. Gostoso é pagar o preço por ser humano.Soldadohttp://www.blogger.com/profile/08854660883732940426noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5081844950759169246.post-7528815573004966502010-05-30T16:18:00.000-07:002010-05-30T16:19:01.646-07:00Capítulo I – O balcão, os charutos e as doses- Sinto que não tenho muito tempo. Por isso me sento aqui todas as noites e conta as minhas histórias para qualquer um que estiver disposto a ouvir. No fundo tenho a expectativa que um desses ilustres desconhecidos se disponha a transcrever a minha epopéia. Talvez possa entrar para o hall dos grandes imortais, e esse não é o sonho de todo e qualquer homem. Na verdade não sou tão ambicioso assim, me contentaria em me transformar em um livro, desses que ficam criando mofo em uma estante escondida de um sebo qualquer. Talvez um jovem idealista possa me encontrar por acaso e se embebedar no lirismo de uma história de vida real.<br />- Não, não estou doente. Nem sou tão velho quanto parece. Mais o corpo sente o passar inexorável dos anos. Embora a morte nos ronde desde que nascemos, um belo dia você se depara frente a frente com ela. A priori leva um susto, mais depois aprende a conviver com ela harmonicamente.<br />- A minha história de vida é a história das minhas paixões. Mesmo que as paixões, hora ou outra, tenham se tornado mais importantes que a própria vida. Apaixonei-me pelas idéias, pelas mulheres, pelo o álcool, pela arte e pela a revolução. <br /> - Agora que não tenho quase nada com que me apegar, não vejo mais sentido em ficar vagando por esse mundo desolado.<br />- Não, não tenho religião. Não acredito em nada que minhas mãos não possam tocar. Depois que meu coração parar de bater, depois que parar de respirar, ponto final. Acabou. Por isso, como eu te disse, busco a imortalidade de outra forma, igualmente mesquinha e hipócrita. <br />- Filhos? Não, não tenho. Nem sequer me casei. E os poucos amigos que tive já se foram. Só me restaram as minhas memórias, e é delas que eu tenho me alimentado. Nem mesmo posso lhe dar a garantia de que tudo o que lhe falo seja real. A distância dos fatos me trazem o dever de te alertar sobre a possibilidade de hora ou outra a fantasia tomar o controle da minha narrativa.<br />- Se me arrependo? Não, de forma alguma. Aliás, essa palavra não faz parte do meu vocabulário. Cada ato, mesmo o mais irrefletido, traz sensações, sentimentos, sofrimentos. E cada um desses, com os mais diversos gêneros e amplitudes, são importantes para nossa construção. Para nossa construção e para nossa destruição também.Soldadohttp://www.blogger.com/profile/08854660883732940426noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5081844950759169246.post-71464571276468202952010-05-07T12:54:00.000-07:002010-05-07T12:56:46.836-07:00Um texto bem antigo, de 2005, sem edições. Achei em meio a alguns arquivos perdidos e tive que resistir à tentação de mexer nele. É estranho olhar no espelho alguns anos depois.<br /><br />--------------------------------------------------------<br /><br /><br />Acordou ressaqueado, algo muito comum nos últimos meses. Mas dessa vez o gosto do alcoól e da nicotina na boca, resquícios da noite anterior, até pareciam mais doces. Gosto de quem bebera, não para escapar de uma realidade nua como antes fizera inúmeras vezes, e sim para compartilhar da festa.<br />Banho ele não queria tomar, mas se fazia necessário. Não queria perder o cheiro de perfume que se empregnara na sua pele. Mas a sua higiene superava o seu romantismo e assim banhou-se. A água a lhe envolver o corpo e a levar um pouco daquele cansaço gostoso de quem dançara e cantara intensamente há poucas horas atrás. E junto com o cansaço foi-se o perfume. Se não podia senti-lo mais, ao menos podia se lembrar. Assim como cada detalhe e sensação que ele experimentara na noite anterior.<br />Suave perfume de menina no corpo pálido de uma criança crescida. Talvez tenha sido isso que o encantara. Seu jeito maroto de ser. Sua despreocupação de quem não passa o dia inteiro fazendo contas, e sim a sonhar com lápis e papel na mão. Seu humor sarcástico, quase negro. Sua ausência de falsos pudores. Ela é aquela que passa horas em frente a Tv vendo desenhos animados, que adora revistas em quadrinhos, que não come carne porque tem dó dos bichinhos.<br />E ele o que é?<br />Uma interrogação constante. Uma borboleta, que se transforma. Mas a sua vida anda bem. Prefere não saber o que fará no dia seguinte, ao invés de seguir uma rotina fatalmente contagiosa e entorpecente. Surpresas às vezes são bem vindas para ele. Até mesmo o furo de um pneu de carro pode tornar-se estranhamente divertido.<br />E como era bom sentir denovo uma leva agonia ao tocar do telefone. Mas como hoje o telefone não tocara, aqui estava ele a divagar em frente à tela do computador. A sexta feira já se fora, hoje já é sábado. Será que fará sol hoje?"Soldadohttp://www.blogger.com/profile/08854660883732940426noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5081844950759169246.post-7877985558837075762010-05-02T15:57:00.000-07:002010-05-02T16:06:31.628-07:00Uniformidade do sofrimento.Você sempre me falava em lealdade que eu quase acreditei que isso de fato existia. Mas nem precisou que o mundo me provasse o contrário, você mesmo se encarregou de fazê-lo.<br />Nem sei se foi a ferida narcísica ou um possível gostar. Só sei que somente a dor me faz sentir vivo. A felicidade me faz sentir no piloto-automático.<br /><br />(...)<br /><br />Mas as vezes é necessário experimentar um pouco de veneno, próprio veneno.Soldadohttp://www.blogger.com/profile/08854660883732940426noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5081844950759169246.post-39525765770762242182009-11-27T15:49:00.000-08:002009-11-27T15:55:08.100-08:00o primeiro adeus...☼12-11-43<br />╬ 18-11-2009<br /><br /> <br />Querida “Lazanice”,<br /><br /><br /> Faltam-nos palavras para descrever a importância que a senhora teve em nossas vidas e para expressar o amor que eternamente nutriremos por ti. A senhora, que sempre foi uma esposa dedicada e companheira, mãe e avó amorosa e protetora, soube com maestria como nos proporcionar toda a sabedoria e conhecimentos necessários à nossa formação enquanto seres humanos. Agradecemos toda o esforço imensurável que teve para transformar nossa casa em um verdadeiro lar, e para dar um direcionamento à vida de cada um dos membros de nossa família. Reconhecemos e saudamos toda a sua força e a luta que teve, especialmente nesse último ano, quando o destino nos pregou uma peça. Desejamos que a senhora descanse em paz e com a certeza de que faremos mais que o possível para realizar o seu maior desejo, ficarmos todos juntos.<br />Hoje nossos corações choram, mas não de tristeza, de saudade.<br /><br />Beijos e abraços carinhosos.<br />De sua mãe, esposo, seus filhos, irmãs, netos e amigos.Soldadohttp://www.blogger.com/profile/08854660883732940426noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5081844950759169246.post-83409696401610116342009-11-13T15:20:00.000-08:002009-11-13T16:38:09.980-08:00mintaSempre que adentro àquele labirinto de paredes brancas nunca sei exatamente o que vou encontrar. Se lágrimas ou sorrisos, não sei, só sei que odeio aquele cheiro de flores.<br />Dizem que é lá que as pessoas vão para salvar suas vidas, mas é sempre por lá que elas acabam por perdê-las. A morte é a única coisa justa nesse mundo, ela trata a tudo e a todos igualmente.<br /><br />Então é assim. Você me prometeu que iria viver até me ver com o diploma na mão, que ia tomar em seus braços as minhas crianças. Não nos deixe agora!<br />Pois bem, minta. Eu só não aguento mais te ver sofrer assim...<br /><br />Soldado.Soldadohttp://www.blogger.com/profile/08854660883732940426noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5081844950759169246.post-25843641319295128392009-11-09T14:27:00.000-08:002009-11-09T14:36:33.338-08:00Hell(p)Se eu acreditasse em Deus,<br />Se eu acreditasse em pecado,<br />Iria diretamente para o inferno...<br /><br />Se eu acreditasse em inferno!!!<br /><br />Soldado.Soldadohttp://www.blogger.com/profile/08854660883732940426noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5081844950759169246.post-23416117886517605572009-09-26T18:41:00.000-07:002009-09-26T18:44:50.497-07:00Minima Moralia - Dinheiro<br /><br />"Ora pois meu senhor,<br /> Se eu trabalho tanto para ter a ti<br /> porque será que é você, quem tem a mim??? "<br /><br />Soldado.<br /><br />Ao saudoso poeta das rua, Jesiel, que me proporcionou os ingredientes para essa reflexão.Soldadohttp://www.blogger.com/profile/08854660883732940426noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5081844950759169246.post-57437237520097345242009-09-13T11:54:00.000-07:002009-09-13T11:59:07.223-07:00Caligrafia..."– Acalma-se. Dizia o anjo velho.<br />– Durma para que amanhã você tenha forças para começar a construir os alicerces desse arranha-céu.<br />– Pois eu lhe digo que permaneça a fantasiar. Berrou o anjo novo.<br />– A realidade é dura demais. E não há nada para ser transformado a não ser o seu próprio eu.<br /> <br />Fora sempre assim, desde a infância. O belo e novo sempre se apresentavam de forma imperativa. Ao menos era bom que aqueles anjos estivessem ali, distraiam seus pensamentos. Sua cabeça parecia um caldeirão fervente de pulsões. Naquele mesmo lugar onde ele guardava os segredos mais excusos, onde cultivava o seu próprio jardim das delícias, era ali também que criava seu mundo, cheio de poesia e amor.<br /><br />E o anjo novo, que podia ler seus pensamentos, disse:<br />- O amor está morto, assim como Deus. Esse mundo já não os comporta mais.<br /><br />Ele só queria dormir para se ausentar do conflito, ao mesmo tempo que queria manter a tensão e suportá-la.<br /><br />E o anjo novo, com sua face visivelmente cansada, porém com olhar sempre solicito:<br />- A gente sente, a gente se enxerga, só é difícil mudar.<br />O anjo velho e suas metáforas. Era muito difícil compreender o que ele realmente queria dizer. Os pensamentos começavam a ceder ao sono.<br />- Esse seu Deus há de me proteger. O jovem virou pro lado e dormiu."<br /><br />Soldado, sem destino.Soldadohttp://www.blogger.com/profile/08854660883732940426noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5081844950759169246.post-21059221430507382802009-08-09T06:48:00.000-07:002009-08-09T06:54:11.147-07:00impertinências...- É muito azar que no rebento eu tenha sido amaldiçoada ou que mesmo por simples acaso me foi predito vir ao mundo sendo indigna de amor. Assim sempre foi com meus pais, com meus irmãos, com outros que por meus lençóis passaram, e agora com você...<br />- Se és indigna de amor não sei, mas que tu és uma malabarista na arte de inverter o discurso, disso não há dúvida. Sabes muito bem que não é o caso, muito pelo contrário. Tanto te amei e ainda amo, que tenho em minha memória com todos os contornos e nitidez as lembranças de cada momento que vivemos juntos e basta você me olhar fundo nos olhos para poder resgatar isso. <br />- Por favor, não me faça chorar com suas palavras doces. Não me usurpe as lágrimas com um alfinete de algodão. Me diga a verdade, me conte das mulheres que sussurraram gemidos ao seu ouvido nesses últimos tempos.<br />- Te direi a verdade então. Mas não a verdade que seus ouvidos querem escutar. Mais cruel que a infidelidade talvez seja tomar consciência da incapacidade de suprir as demandas do outro, ou pior, de se apropria da própria incompletude. Mas a vida é assim, tem uma vida própria. Do mesmo jeito que um dia ela te colocou sentada ao meu lado, hoje faz-se necessário a separação.<br />- Seu desprezo me devora o coração como uma metástase. Mas eu não hei de chorar. As lágrimas já secaram. Você sempre se sentiu preso, mas em alguns anos vai descobrir que de nada adianta sair do encarceramento se tuas mãos continuam algemadas entre si.<br />- Quem provou do cárcere e vê novamente luz do sol, não quer voltar pra prisão nunca mais...<br /><br />Soldado.Soldadohttp://www.blogger.com/profile/08854660883732940426noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5081844950759169246.post-48568806901399306142009-07-01T17:01:00.000-07:002009-07-01T17:03:57.172-07:00quem ousa dizer..."Quebrem as máquinas<br />Ateiem fogo nas lavouras<br />Ocupem as praças<br />Empenhem as armas.<br /><br />Não aceiteis a resignação<br />Levantem as vozes<br />Hasteiem as bandeiras<br />Cuspam na cara do patrão.<br /><br />Chamem os estudantes<br />Tomem os sindicatos<br />Quem ousa dizer camarada<br />Que não é possível construir a revolução.<br /><br />Erguei as foices<br />Segurem com firmeza o martelo<br />Derrubem o governo<br />Trabalhadores do mundo uni-vos." <br /><br />Arriscando pelo fascinante e sedutor mundo da poesia.<br />"O soldado errante."Soldadohttp://www.blogger.com/profile/08854660883732940426noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5081844950759169246.post-2618451736421272802009-06-05T16:07:00.000-07:002009-06-05T16:29:23.841-07:00Com olhar profundo ela te hipnotiza. E o perfume é pra te envenenar. O calor do teu corpo te deixa estático. Com uma das mãos ela te toca suavemente o pescoço e com a outra te impetra vorazmente uma agulha no peito. O coração sangra, mas as lágrimas já secaram. Ao som de uma harpa perfeitamente harmônica, bem ao longe, você vê cada gota do seu sangue tocar o chão, manchar a roupa, os sapatos e o canto da boca. E junto com ele, os sonhos, os planos, as promessas, tudo escorrendo em um ritmo de um ponteiro que marca as horas.<br />E a morte insiste em não chegar, como se te provasse até mesmo ser indigno para adentrar ao inferno. E ela alí, te olhando hedonisticamente, degustando cada momento daquele ritual tribalista. Mas uma lágrima desprevinida escorre, e ela se descubre agindo por vias de não ter outra saída, pois o amor era um caminho sem volta...<br /><br />Para sempre, o Soldado Errante.Soldadohttp://www.blogger.com/profile/08854660883732940426noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5081844950759169246.post-43649025340014809122009-05-13T17:06:00.000-07:002009-05-13T17:09:57.492-07:00as últimas palavras (fragmentos de uma carta de amor - parte II)O coração falha, mas o instinto não. O coração me pedia para ficar, para insistir, mas o instinto me alertava que era cilada. Mas como diz o dito popular, "dos males o menor". Ao menos o corte foi apenas na superficial e em alguns dias tudo estará cicatrizado. Mas sempre que eu me olhar no espelho, ele estará lá, suave.<br />Agora vivencio os sentimentos mais contraditórios. Se desejo que siga seu caminho, que procure sua felicidade onde você acha que ela se encontra, desejo tão intensamente também que você reconheça que está cometendo um grande erro e que nos dê uma outra chance. Mas é bem verdade que para pessoas que vivem a vida tão intensamente como eu, não existem segundas chance. E além do mais, eu não saberia conviver com seus fantasmas. Eu preciso de alguém que possa me retribuir na mesma proporção tudo que eu tenho para oferecer.<br />Bom, agora não sei bem o que fazer com a minha ansiedade, com a minha vontade de estar contigo. Não sei o que dizer aos meus amigos, que compartilhavam comigo a felicidade de "eu ter encontrada a pessoa certa". E o que dizer para ele (o promotor), que continuará pensando que eu sou o culpado, que não sei me relacionar.<br />A menina, a musicista, de pés pequenos e coração grande. A mulher carinhosa e um pouco medrosa ficou para trás, acorrentada em suas lembranças, em seu passado. É uma pena que eu não vou poder estar ao seu lado na sua travessia. E eu, talvez não seja a pessoa certa, mas eu tenho quase certaza de que "você está fazendo a coisa errada, na hora certa." Eu não gosto de lutar, não sozinho. Continuarei minha busca cega por um verdadeiro amor. Hei de encontrá-lo.<br />Te desejo sorte. Espero que você se encontre por aí. Eu te encontrei, bem perdida em meio aos seus próprios desencantos. Não fui forte o suficiente para te resgatar, e nem poderia fazê-lo se quem você quizesse.<br />Me desculpe o drama, faz parte do meu show.<br /><br /><br />O soldado erranteSoldadohttp://www.blogger.com/profile/08854660883732940426noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5081844950759169246.post-63407068162468101062009-05-07T06:11:00.000-07:002009-05-07T06:12:50.398-07:00Fragmentos de uma carta de amor..."E o que é o amor senão um sofrimento em potencial. E tão cedo se faz para falar nesses termos, mas não tenho dúvida que destes fragmentos que estamos juntando se constituirá algo sólido e bonito, que outrora poderemos chamar de amor. Pois bem, se o medo assombra a ti, que seja pela intensidade e pelas proporções que esse sentimento tem tomado, ou que seja mesmo pelas lembranças, que vira e mexa lhe roubam o sono, posso dizer também que tenho medo. É diferente é claro e eu tenho a obrigação de ser honesto com você e te dizer que o meu medo é de mais uma vez ser o algoz de uma alma pura que procura amor em um coração ressacado de tanto sangrar. Mas se de tudo não conseguirmos ser felizes para sempre como nos contos de fada, que sejamos felizes agora, enquanto a saudade acossa delicadamente e os corpos pedem pra morar um no outro. E se as incompatibilidades se mostrarem inconciliáveis ( ou o medo se mostrar mais forte), e por ventura tenhamos que nos separar, pode ter certeza que seremos capazes de suportar mais esse tombo, E quando a feridade fechar, que você possa olhar para aquela bela cicatriz e lembrar do meu sorriso maroto, dos meus pés quentinhos e do meu abraço sincero."Soldadohttp://www.blogger.com/profile/08854660883732940426noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5081844950759169246.post-43570852227142915772009-03-21T15:06:00.000-07:002009-03-21T15:09:33.726-07:00causa mortisTodos os dias ele se posicionava naquele mesmo local. Sua cadeira de balanço já tinha as marcas do seu corpo mutilado e as cortinas, o cheiro impregnado do fumo barato. Por mais que tivesse medo de ser novamente recolhido à Casa Verde, ele insistia em senta-se ali todas as noites para observar os transeuntes. Sua diversão era imaginar o que se passava na cabeça desses ilustres desconhecidos da cidade. Suas paixões, seus medos, seus traumas e perversões. Eram todos seus amigos, seus cúmplices, a quem dignamente lhe confiavam os mais obscuros segredos.<br />Mas havia uma pessoa em especial por quem ele esperava por todo e sempre. Uma jovem moça, pele clara, cabelos cor de ferrugem, que passava por ali todos as noites, com passo apressado, corpo tenso, e um punhado de livros debaixo do braço. Talvez ela nunca tivesse notado o velho que a observava diariamente, enquanto esperava ansiosamente pela morte, nos confins daquele teatro inacabado abandonado pela prefeitura. Por mais que o homem desejasse intensamente o sepulcro, que aguardasse o dia em que aquela dor fosse enterrada profundamente junto com seu corpo, seu âmago protestava pelo corpo quente daquela jovem. O máximo que ele conseguia enxergar por baixo de todo aquele pano era seu pescoço, e sua imaginação fluía ardentemente ao pensar por quais motivos seus pêlos arrepiavam toda vez que passava naquela rua esquecida.<br />O dia em que os homens do governo o levaram no rabecão branco com o simples argumento de que “ele tem os pés no chão e a cabeça nas estrelas” e o deixaram amarrado e sedado por dias a fio, deixara profundas marcas em sua existência. Anos se passaram até que um belo dia ganhou alforria ao jurar eterna fidelidade a um tal senhor Jesus Cristo, humilde carpinteiro que residira naquela região há alguns milhares anos atrás. A partir daquele dia, um ritual igualmente importante ao do período noturno, era acordar bem cedo, antes mesmo do sol rajar as nuvens negras do céu, e se ajoelhar aos pés do seu senhor, o que lhe garantira suas liberdade. Por mais que o médico ainda o acusasse de comportar no corpo um algo estranho, era livre pela suas resignação. Tal qual o poeta que culpara o eu-lírico por todos os seus infortúnios, foi fácil ao seu ego, atribuir a uma porção de demônios encarnados, a culpa de viver constantemente no sutil limiar entre a loucura e o bom senso.<br />Nada mais se soube sobre esse homem, só mesmo que, alguns anos depois, de tanto pedir em oração ao seu Deus, encontrou a morte de forma doce e silenciosa. O seu filho, nascido do ventre da jovem moça de cabelo ferrugem, único herdeiro do gigantesco patrimônio deixado a esmo pelo velho, e ironicamente batizado de Jesus Cristo, mandara gravar na lápide do túmulo de seu falecido pai “Aqui jaz um homem da cidade. Causa mortis – solidão.”Soldadohttp://www.blogger.com/profile/08854660883732940426noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5081844950759169246.post-77561570092590533782009-03-03T11:24:00.000-08:002009-03-03T11:29:06.946-08:00Eu estou fazendo Arte e não Ciência. Para fazer Ciência basta uma boa capacidade de leitura e interpretação, e o mínimo de domínio da escrita. Para fazer arte não, tem que ter sensibilidade e uma boa dose de lirismo correndo nas veias. A Ciência é do domínio do conhecer, do fazer. A arte é da natureza do sentir, do ser.
<br />A ciência surge de fora pra dentro, do caos que se instala em busca de uma possibilidade harmonização. Na mão dos cientistas, que não usam branco, mas dirigem carros com câmbio automático, dissemina-se o famigerado conhecimento, que quando muito ousado, consegue ultrapassar os muros da academia. A Ciência é daqueles que sustentam o capital, a exclusão e a guerra.
<br />E do sangue dos mortos do holocausto se pinta a arte. Se não nas mãos do pintor, na ponta do lápis do poeta, se expressam os desajustados sentimentos. Da sublimação do desconcerto, do extravasar subjetivo ou simplesmente na visão sutil da beleza que reside na miséria, nasce o desconhecido, o inominável. A arte que faz o peito doer de fala de ar, arte da burguesia. Arte bruta, dos loucos.
<br />Usurpando e adaptando as palavras de Jabor. Ciência é prosa (conversa fiada, no sentido mais chulo da palavra). Arte é poesia. E arte da ousadia é fazer arte consciência.
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<br /> Soldadohttp://www.blogger.com/profile/08854660883732940426noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5081844950759169246.post-22846779443025495752008-06-25T05:01:00.000-07:002008-06-25T05:08:09.798-07:00"Você"<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt;">Por maiores que sejam as distâncias, quando duas almas se encontram, rompem-se as fronteiras, cessam-se os abismos. Se ao chegar a este reino, me foram negadas asas, foi me legado a imaginação. A qualquer momento do dia, ou até mesmo na noite mais solitária, em questão de milésimos de segundo, posso chegar até você. Posso sentir seu cheiro, a textura da sua pele, sem ao menos saber se você existe, sem ao menos saber se tu és meu anjo ou meu demônio, minha lucidez ou minha perdição.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt;"><span style=""> </span>Tu roubaste minha paz querida, e por isso lhe sou eternamente grato. Toda paz é uma maquiagem do conformismo, da letargia, uma falsa comunhão. Usurpaste meu sono, e por isso lhe santifico, por que melhor mesmo é sonhar acordado. Faz-me sentir a todo instante a dor de tua ausência, e não é verdade mesmo que só a dor é que me faz sentir vivo. Não é que o dia está mais belo, e nem os pássaros que cantam.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt;">Mas eu sou obrigado a te advertir mulher, cuidado com o que desejas, pois o calor de dois corpos juntos em ardência é capaz de derreter um coração de gelo. Toma cuidado por onde pisa, o caminho do (des)encontro é cheio de armadilhas e ilusões, mas saiba que, lá ao final estarei eu a te esperar. Saiba que depois de tanto suor e dor, poderás repousar no conforto do meu colo, na segurança dos meus braços.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt;">Talvez de nada valha tanto esforço, tanta ousadia e sagacidade, para no final perceber que nessa luta que é o <span style=""> </span>sentir, <span style=""> </span>o desfecho é sempre o mesmo, a mortificação do eu, o perde-se em si próprio pra nunca mais se achar. É sair ferido, cheio de cicatrizes. Mas o que mais vale mesmo é o viver pelo viver, é olhar pra cada marca em seu corpo, pra cada fotografia, é retomar cada lembrança, e ter certeza que eu vosso corpo habita uma alma.</span></p><br />Um pouco de lirismo de qualidade abaixo:<br /><p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><br />"O silêncio não leva a Deus<br />a noite não me transporta para o alto<br />e o ocaso é um convite à solidão<br />Na angústia dos momentos perdidos<br />o desespero dos minutos sem destino<br />e a implacável certeza da morte<br />tudo leva à tua saudade<br />tua amarga presença<br />na distância<br />em que te procuro esquecer<br />inutilmente"<br /><br />Mauro Salles - "Recomeço"</p><br /><p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><br /></p>Obs: algumas pessoas tem me questionado sobre o nome do blog. Em qualquer dicionário vocês podem ver que a palavra "ataraxia" significa: quietude absoluta da alma, ausência de medo de preocupações. Algo que segundo a mitologia e a filosofia é apenas possível para os sábios e os deuses. Por isso o nome "Longe ataraxia" por ser algo assim tão inverossímil, tão difícil de ser alcançado. Mas na verdade mesmo, o nome é em homenagem a uma música da banda Violins que eu gosto muito.<br /><br /> <p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt;"><br /><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><br /><span style="font-size: 14pt;"><o:p></o:p></span></p>Soldadohttp://www.blogger.com/profile/08854660883732940426noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5081844950759169246.post-47285931490643657502008-06-17T20:20:00.000-07:002008-06-17T20:21:32.620-07:00...<p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12pt;">Até qualquer dia, há um ano atrás, ou há uma hora atrás, eu ainda acreditava que viera a esse mundo para amar. Mas assim, como qualquer lar de família, tão instável quanto ácido, tudo se desfez. Agora busco o sentido na falta de sentido, busco encontrar qual é o caminho que se deve seguir um homem que não acredita mais no amor e nem em Deus.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12pt;">Os astros de rock e nem os ícones da MPB já não falam mais a minha língua, as drogas e o álcool <span style=""> </span>já não propiciam uma fuga tão distante quanto eu preciso. Nem o sexo, chocolate ou sorvete são tão gostosos como antes. A diazepina já não torna meu travesseiro mais tão macio. Enfim, é esse <span style=""> </span>o destino de um homem? Viver uma eterna vida sem graça e <span style=""> </span>sem tesão. Fazer um sexo caseiro, usar drogas cada vez mais fortes, deixar de procurar um amor e procurar uma boa mãe para os filhos? Sinceramente não sei, mas sei que esse não é o caminho que pretendo seguir.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12pt;">Um dia meu pai me disse que eu era um homem livre, mas isso é tão real quanto as leis da atração e “o segredo”. Se realmente sou livre, porque nunca acordo com a pessoa que eu quero ao meu lado, porque sou obrigado a ficar sentado por horas e horas em cadeira dura e desconfortável para ouvir pessoas falando sobre coisas que eu mal entendo? Porque não posso plantar, colher, <span style=""> </span>e ver meus filhos correndo nus pelos campos, ensina-los a ler e escrever em casa, ensina-los os segredos da terra que eu mal conheço, e que a paz é muito mais que uma pomba branca. Enfim, começo a achar que a famosa liberdade é um grande saco de papai-noel cheio de interrogações.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12pt;">Bem, a verdade é que eu ainda continuo procurando um grande amor, alguém que me prove que existe paz de espírito nesse mundo, alguém que suprima todas minhas necessidades, que muito mais que instintos (Freud que me perdoe) são necessidades de afeto e carinho, um afeto que sempre me foi negligenciado. E que mesmo sendo muitas vezes tratado como um doente, eu sou o mesmo, a mesma criança que quando pequena, gostava de repousar sobre o colo da avó.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12pt;">É preciso que as pessoas entendem que a verdadeira anomia, a verdadeira patologia, não está no homem, não está na minha pessoa, está na minha teia social: seja a família, a escola, ou a sociedade como um todo. Eu não quero ser reducionista, não quero dar cheque sem fundo dizendo que a culpa é dos outros. Mas também eu não posso ignorar que desde o nascimento nós somos intensamente castrados, intensamente recalcados. Já não basta o próprio sofrimento intrínseco à existência humana, o cara ainda é muitas vezes obrigado a sofrer por ser preto,<span style=""> </span>pobre e viado. É isso mesmo, tem que ser explicitado de forma crua, assim como se é falado nas costas ou pelos corredores. Tem que tocar na ferida até sangrar, porque somente quando sangrar, os outros vão sentir a dor que aqueles que tem o mínimo de senso crítico, o mínimo de sentimento de pertença a uma comunidade, sentem.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 12pt;">Enfim, eu tento ser o máximo existencialista possível, tento expor meus sentimentos, me abrir comigo mesmo, com a terapeuta, com amigos ou irmãos, mas no final das contas sempre sobra um restinho lá no fundo. Sabe, aquele restinho do pote que nos faz perder o sono às vezes, que encharca nosso travesseiro de lágrimas, que nos faz perder a consciência. E no final das contas, tudo vira política né. Enfim, é difícil dormir em um mundo desajustado, com uma cabeça desajustada. Será que eu sou mesmo doente assim?<o:p></o:p></span></p>Soldadohttp://www.blogger.com/profile/08854660883732940426noreply@blogger.com6