domingo, 9 de agosto de 2009

impertinências...

- É muito azar que no rebento eu tenha sido amaldiçoada ou que mesmo por simples acaso me foi predito vir ao mundo sendo indigna de amor. Assim sempre foi com meus pais, com meus irmãos, com outros que por meus lençóis passaram, e agora com você...
- Se és indigna de amor não sei, mas que tu és uma malabarista na arte de inverter o discurso, disso não há dúvida. Sabes muito bem que não é o caso, muito pelo contrário. Tanto te amei e ainda amo, que tenho em minha memória com todos os contornos e nitidez as lembranças de cada momento que vivemos juntos e basta você me olhar fundo nos olhos para poder resgatar isso.
- Por favor, não me faça chorar com suas palavras doces. Não me usurpe as lágrimas com um alfinete de algodão. Me diga a verdade, me conte das mulheres que sussurraram gemidos ao seu ouvido nesses últimos tempos.
- Te direi a verdade então. Mas não a verdade que seus ouvidos querem escutar. Mais cruel que a infidelidade talvez seja tomar consciência da incapacidade de suprir as demandas do outro, ou pior, de se apropria da própria incompletude. Mas a vida é assim, tem uma vida própria. Do mesmo jeito que um dia ela te colocou sentada ao meu lado, hoje faz-se necessário a separação.
- Seu desprezo me devora o coração como uma metástase. Mas eu não hei de chorar. As lágrimas já secaram. Você sempre se sentiu preso, mas em alguns anos vai descobrir que de nada adianta sair do encarceramento se tuas mãos continuam algemadas entre si.
- Quem provou do cárcere e vê novamente luz do sol, não quer voltar pra prisão nunca mais...

Soldado.

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